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Saiba como está a COVID-19 hoje, por Dr. Alexandre Naime

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Médico Alexandre Naime, sorrindo, jaleco branco
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Saiba como está a COVID-19 hoje, por Dr. Alexandre Naime
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Fim da Emergência de Saúde Pública declarado pela OMS não significa que a pandemia acabou.

Nova fase exige avanços em pesquisas sobre grupos de risco e sobre prolongamento da doença.

 

Por MIT Technology Review

• Risco de novas ondas que tenham impacto na saúde pública é baixo, mas alerta para grupos

de risco continua;

• Pesquisas científicas focam no prolongamento da doença e grupos de risco;

• Pessoas vacinadas têm menos chances de ter COVID-19 longa, mas ainda não há estudos

conclusivos sobre o tema.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de

Importância Internacional da COVID-19 no início de maio (1). A decisão tomada por Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, representa um avanço desde que o vírus se espalhou pelo mundo em 2019, mas não significa que a COVID-19 tenha deixado de existir (1).

Dados da própria organização mostram que 768 milhões de casos de COVID-19 (2) foram confirmados no mundo até o momento, além de quase 7 milhões de óbitos. No Brasil, foram mais de 37 milhões de diagnósticos confirmados desde 2019, segundo dados (3) do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). De janeiro à primeira semana que agosto deste ano, foram 1,4 milhão de casos (3).

A exemplo do vírus da influenza, que circula durante o ano todo, o SARS-CoV-2 não deve ser extinto, avalia o médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, em entrevista à MIT Technology Review Brasil.

“Não podemos confundir o fim da Emergência de Saúde Pública com o fim da pandemia. Uma coisa é a doença não causar mais um colapso, outra é a doença ser extinta, o que está longe de acontecer ou talvez nunca aconteça”, alerta.

Embora o nível de preocupação a nível global tenha diminuído, para alguns grupos, o risco relacionado à doença precisa ser considerado.

“Para os mais vulneráveis, o risco se mantém. A vacina não tem a mesma efetividade em pessoas com imunossupressão e acima de 70 anos. Então, mesmo vacinadas, elas podem evoluir para a COVID-19 grave. Por esse motivo, esse grupo tem acesso a um segundo guarda-chuva: os tratamentos com antivirais.”

A pandemia da COVID-19 tem lacunas a serem preenchidas pela ciência. A busca por descobertas sobre o vírus continua ativa, na avaliação do infectologista, que também é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A diferença, agora, é que os estudos estão mais voltados a temas atuais, como o desenvolvimento de imunizantes, o diagnóstico precoce e a tratamentos focados na COVID-19 longa e em grupos mais vulneráveis.

 

MIT Technology Review Brasil: A OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à Covid-19 no início do mês de Maio . O que isso, de fato, significa?

Alexandre Naime: O SARS-CoV-2 continua circulando. Cerca de 30% das internações [em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em São Paulo] (4) por síndrome respiratória aguda grave continuam sendo por COVID-19. Não podemos confundir o fim da Emergência de Saúde Pública com o fim da pandemia.

Uma coisa é a doença não causar mais um colapso, outra é a doença ser extinta, o que está longe de acontecer ou talvez nunca aconteça. Talvez a COVID-19 sempre exista como a influenza e as infecções respiratórias. Emergência em Saúde Pública significa que doença leva a uma exaustão, a um colapso no sistema de saúde em que é necessário mobilizar esforços e recursos financeiros.

 

MIT Technology Review Brasil: Existe risco de uma nova onda elevar novamente os índices de contaminação?

Alexandre Naime: O risco de novas ondas que tenham impacto na saúde pública é muito baixo. Novas variantes que podem causar aumento significativo em termos de internações e óbitos são improváveis porque grande parte da população já está vacinada com, pelo menos, duas doses. Então, a chance de recrudescência em termos de saúde pública é muito baixa, mas isso não significa que a pandemia acabou.

 

MIT Technology Review Brasil: O grupo de risco ainda precisa manter cuidados redobrados?

Alexandre Naime: Sim. Para os mais vulneráveis, o risco se mantém. A vacina não tem a mesma efetividade em pessoas com imunossupressão e acima de 70 anos. Então, mesmo vacinadas, elas podem evoluir para a COVID grave. Por esse motivo, esse grupo tem acesso a um segundo guardachuva: os antivirais. A minha mãe, por exemplo, se infectou recentemente e foi tratada com a medicação. 

 

MIT Technology Review Brasil: O que já temos de conhecimento sobre a COVID longa?

Alexandre Naime: O impacto da COVID longa está sendo avaliado em diversos estudos, principalmente nos ligados às sequelas pulmonares, cardíacas e neurológicas. Sabemos que pessoas vacinadas têm menor chance de desenvolver o prolongamento dos sintomas da COVID, mas isso ainda não é conclusivo.

 

MIT Technology Review Brasil: De que forma a pesquisa ligada à COVID mudou ao longo desses três anos?

Alexandre Naime: A pesquisa continua em extrema atividade, principalmente nas áreas de medicações, vacinas, vigilância epidemiológica e COVID longa. Existem diversas gamas de pesquisas e estudos sendo realizados atualmente, mas eles agora estão mais voltados a temas atuais e a grupos mais vulneráveis.

 

Referências:

1. World Health Organization. Statement on the fifteenth meeting of the International Health Regulations (2005) Emergency Committee regarding the coronavirus disease (COVID-19) pandemic [Internet]. www.who.int. 2023. Disponível em: https://www.who.int/news/item/05-05-2023-statement-on-the-fifteenth-meeting-of-the-international-health-regulations-(2005)-emergency-committee-regarding-the-coronavirus-disease-(covid-19)-pandemic Acesso: Agosto/2023

2. World Health Organization. WHO COVID-19 dashboard [Internet]. World Health Organization.2023. Disponível em: https://covid19.who.int/ Acesso: Agosto/2023

3. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. PAINEL CONASS | COVID-19 [Internet]. Conselho Nacional de Secretários de Saúde | Conass. 2023. Disponível em: https://www.conass.org.br/painelconasscovid19 Acesso: Agosto/2023

4. Departamentos Regionais de Saúde e municípios. #CORONAVIRUS - CASOS EM SP - [Internet]. Fundação SEADE. 2023. Disponível em: https://www.seade.gov.br/coronavirus/ Acesso: Agosto/2023

PP-CVV-BRA-0005 – Outubro 2023

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